Dia 4; quinta-feira, 28 de janeiro de 2016; Huilo Huilo – Catripulli; 97 km; 2.330 mts

Depois de uma reconfortante noite, com as mordomias de hotel, o dia nasce transfigurado, com sol e uma temperatura razoável (de qualquer forma manguitos, ou casaco, são bem-vindos).

A logística matinal exigiu organizar, em cima da hora de partida, o transporte das nossas malas para o acampamento, pois a organização neste ponto foi dúbia, alinhámos para aquela que seria a mais longa etapa de sempre do Transandes Challenge.

Eu arrancaria com o meu primeiro problema mecânico, não resolúvel até ao final da prova, e não conseguia prender a manete das mudanças do desviador da frente. Como tinha montado um 40/28 não seria grande problema, pois o 28 faria bem a missão e entretanto arranjei também uma forma de prender a manete com o material de excelência do Huilo Huili., um pedaço de madeira.

No dia 2 tínhamos tido já dois pequenos problemas mecânicos. O José o disco de travão de trás empenado, e eu um raio partido, e ambos foram resolvidos pelas assistência da Shimano. Estranho foi a corrente do José ter aparecido fora do desviador traseiro (deve fazer parte da magia do local), mas demos por isso a tempo e também foi resolvido pela assistência.

A partida era rápida mas neutralizada nos primeiros quilómetros (seguíamos em pelotão atrás do carro da organização) e depois entrava num trilho relvado, também bastante rápido, onde me senti particularmente desconfortável, pois pela primeira vez estava de óculos e a zona tinha pouca luminosidade, o rebound da suspensão estava mal ajustado e pôr e tirar o “pauzinho” na manete ainda não estava rotinado.

Depois dos 25 quilómetros inicias em plano veio a subida florestal ao Parque Nacional de Villarrica, seguida por uma descida espectacular nos trilhos da floresta araucária chilena. Terminando a etapa numa descida rápida até Palguín seguida de 5 quilómetros a rolar até ao acampamento em Catripulli.

Durante a etapa aos problemas mecânicos iniciais veio-se juntar um travão da frente a bloquear quase completamente a roda, e respectiva manete sem pressão, e a corrente a saltar constantemente do carreto inferior do desviador traseiro. Solução para o travão não tinha, já para a corrente a solução era mantê-la sempre esticada, ou seja, estar sempre a pedalar.

Concluímos mais esta fantástica etapa sem grandes peripécias e eu desde que entrámos em Villarrica não parava de pensar, e dizer ao José, que amanhã é que vamos sofrer…

A chegada a um novo acampamento exigiu a logística adicional de carregar saco para a tenda, e os sacos não estavam nem leves, nem propriamente perto das tendas.
Depois de tomado banho e da massagem tratei de procurar imediatamente solução para os meus problemas mecânicos. Levei a bicicleta à assistência da Shimano que não só não me resolveu como inutilizou completamente o travão, rasgou-me o punho e nem sequer mexeram na roldana. Vi que a solução não passaria por ali, e que insistir na resolução não me levaria a lado nenhum, pois não tinham nenhum travão para montar. Assim procurei outra solução que rapidamente encontrei numa equipa de mecânica bastante mais alinhada com o espirito destas provas e montei um novo travão, pedi a substituição da roldana e com um pouco de sorte consegui um punho de um amigo que fizemos logo no primeiro dia.

Agora é jantar, descansar porque amanhã vai ser a etapa mais dura do Transandes Challenge.